quarta-feira, 22 de abril de 2009

HISTÓRIA NA IMPRENSA - A NAÇÃO BORORO



Região do Cuiabá abriga mais de 10 mil índios Bororos



Da Reportagem




Um casal bororo, Divulgação.


Há mais de 10 mil índios Bororos hoje, espalhados pela região do Cuiabá. Os que vivem longe, bem a ocidente do recém-fundado Arraial, são, dizem, muito amigáveis. Servem de guia aos homens brancos dentro da mata, trabalham nas fazendas da região e são aliados dos bandeirantes. Não é por outro motivo que os jesuítas espanhóis estão a fundar diversas missões religiosas nas aldeias daquelas regiões. É, portanto, de outra estirpe os Bororos habitantes das margens do Coxipó e do Cuiabá. Tal como os outros, também são caçadores e coletores. Mas os daqui não aceitam sem uma boa briga ter o seu território invadido ou a sua liberdade cerceada. São, por natureza, muito mais afeitos à guerra do que ao acordo desvantajoso. Já se espalhou por toda a Capitania a notícia de que os Bororo Coxiponés são “nômades bravios e guerreiros indomáveis”. Por causa disso, já foram organizadas várias expedições na tentativa de exterminá-los. A do próprio Pascoal Moreira Cabral teria sido, a princípio, uma delas. Para os Bororo Coxiponés, “inimigo” é todo aquele que queira lhe submeter a vontade ou que não queira se submeter a sua vontade. Para vencer uma guerra, eles são capazes de ficar durante dias a observar os passos do inimigo. Têm uma habilidade incomum para se mover dentro da mata. E para estudar o adversário sem serem vistos, pintam-se e se cobrem com folhas e galhos. É claro que eles também fazem acordos pacíficos com outras tribos, mas quase sempre com o objetivo de aumentar o seu poderio de guerra. Apesar de não dar muita importância ao metal cobiçado pelos bandeirantes, os Bororos Coxiponés andam enfeitados com brincos de ouro. Sua cultura está baseada em cantos danças, caçadas e pescarias coletivas realizados, principalmente, por ocasião da morte de um membro da tribo. Assim, é através da guerra e da cultura que os Bororos Coxiponés vão resistindo e se afirmando como um povo diferenciado. Eles mesmos se autodenominam “boe”, termo que significa gente, pessoa humana. Fontes: Instituto Sócio Ambiental (www.socioambiental.org.br); Gilberto Brizola – Historiador (OM)


Diário de Cuiabá: Edição nº 9916 08/04/2001


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